terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

ufa

E nesses desafios e variações de repertório, esse ano chegou. E depois da montanha russa, depois das tempestades, depois do coração quebrado e do tempo; depois da dor, de tanta dor, depois das perdas e incertezas; depois das saudades e salas vazias; depois do luto, do esforço, do cansaço; depois de achar que eu não conseguiria, estou aqui. Eu me trouxe pra um lugar melhor. 

Estou aqui. E estou feliz. 

sábado, 18 de dezembro de 2021

O Próximo Passo

Acho que eu não tinha me dado o tempo de sentir a dor. Tive a sensação de que, se eu parasse para sentir, eu não voltaria mais. Muitas vezes. Mas aí é 18 de dezembro e, de alguma forma, cheguei aqui. 

Eu não tava pronta para o que veio. Para nada do que veio esse ano. Eu não tava pronta, mas a arte é esse negócio maluco que atravessa paredes e pula muros e nos expõe. E nos conta que a gente tem que lidar, tem que sentir, tem que chorar. A peça, os alunos-atores ou atores-alunos, a cor, o espaço, a época, o tema, a trilha, a luz, o formato, a falta.

Eu não sei como isso se dá, mas dormi, acordei e estou aqui de novo. Mais uma vez. 

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Oi, menina.
Se eu pudesse pegar sua mão e te contar coisas, eu começaria dizendo que afirmarão coisas sobre você desde antes do que você possa se lembrar. Farão comentários sobre sua aparência, inteligência. Dirão o que você será quando crescer. Terão opiniões formadas sobre seu gênio difícil e suas malcriações. Sua timidez será vista como frescura. Isso vai ser internalizado e tão solidificado em você que anos mais tarde, já adulta, ainda vai buscar respostas e ter que ressignificar suas crenças. Tudo isso te tornará mais delicada ao falar da aparência dos outros ou quanto aos comentários que fizer, mas a um preço alto. Chore, menina. Bata o pé e questione o mundo. Não aceite o que dizem que você é. Ninguém é você. Ninguém te conhece de dentro, só você. Se eu pudesse pegar sua mão, eu daria um beijo e diria: seja o que você quiser. Explore o mundo, conheça suas habilidades, teste o que te faz bem e o que você faz bem. Se dedique a isso e não dedique seu tempo a agradar. As pessoas têm seus próprios conflitos e você não vai conseguir agradá-las, porque o que elas são não é sobre você. Se cada um tivesse coragem de lidar com suas próprias merdas e resolver suas próprias questões seria melhor, mas não é assim, e isso não é culpa sua. 

Não é culpa sua.
 

"Acho que vem daí a palavra solidão, pessoas tão sólidas que ninguém vem checar se estão ruindo".
Mariana Salomão Carrara - se deus me chamar não vou

terça-feira, 3 de agosto de 2021

Re(a)jeitando

Essa semana me deparei com um podcast. Eu já tinha passado por lá, mas acho que as coisas nos encontram e nos desencontram em alguns momentos específicos; quando estamos prontos pra elas, quando estão prontas pra nós. Enfim, divagações feitas, eu cheguei lá. 

Enquanto eu ouvia sobre rejeição - que é um tema que sempre me atravessa e se mistura, em mim, com abandono - eu senti uma dor muito, muito, muito funda e forte. Como se aquilo ecoasse em cada buraquinho da minha alma. Aí me deu vontade de correr e me esconder de novo. Logo agora que eu estava saindo...

A saída e o esconderijo não são literais, são mais como botar o coração no mundo ou recolher. E o botar o coração no mundo, hoje, tem mais bagagem. É um coração mais consciente do que é meu, do que é seu e do que nos cabe juntos. Só que, uma vez no mundo, ele sente. E sente muito. 

Eu ainda preciso encontrar uma espécie de filtro. Sabe tipo aquelas telas que a gente bota na janela para não entrar bichos no verão? Porque, sem isso, entra de tudo. Alegria, descoberta, frio na barriga, curiosidade, desejo, dor, saudade, tesão e... desencontro. Rejeição. Relações, assim como o podcast, são encontradas ou encontram a gente no momento em que a gente tá pronto. E será que eu tô pronta? Só tentando pra saber...

Ao mesmo tempo, outras coisas já estão certas pra mim. Reconheço gatilhos quando vejo. Nos silêncios e ghostings cabem coisas de mais, interpretações de mais. Eu quero a diversão e a delícia e a descoberta, mas também quero a honestidade e a condição de poder te dizer o que eu precisar e te ouvir também. O que não dá é para adivinhar. Se eu tiver que fazer isso, eu não tô mais aqui.  

O problema de colocar o coração inteiro nas coisas é que ele quebra mais facilmente. Mas o preço de viver sem isso, pra mim, é não viver. E isso não dá. Então vamos assim mesmo. Com dor, com medo, com caco, com amor, com saudade, com medo de novo, com humor, com alegria, com sede e com vida. Que assim seja. E que eu consiga. 

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Carta ao fio

Oi.
Que doido sentir essa vontade de escrever pra você hoje. Eu tava procurando uma foto na nuvem e encontrei um print de uma mensagem num dia do meu aniversário. Nele você me disse que desejava que o mundo tivesse minha risada e que eu era um amor que você sempre teria no peito. Aí me peguei aqui.

Nessa nossa trajetória foram tantos abandonos. O engraçado é que fiquei tanto tempo tentando entender porque você me abandonava se me amava, se quando a gente estava junto era sempre tão bom. Nossa última conversa foi no ano passado. Você me disse que me amava algumas vezes. Aí, um dia, como todos os outros, deixou de responder e nunca mais mandou nada. Claro que há mais calos em mim agora e não houve nem surpresa nem grande tristeza. Só a visita daquele velho "você já sabia que seria assim".

Enfim, tá tudo bem. Só às vezes ainda me pego pensando um pouco em você. Engraçado, né. 

Espero que esteja bem. 

sábado, 24 de abril de 2021

deixa assim como está...

Que dor, gente. Que dor. 

Hoje dói meu braço, meu joelho, minhas costas. 

Ontem doeu um pouco a cabeça. Tive cólica também.

O corpo tá gritando o aniversário que se aproxima? Talvez. Honestamente, não acredito nisso. O corpo tá gritando para que eu escute o que sinto. A dor externa é a forma que eu tenho me permitido sentir. Não dá pra parar agora. Não agora. Porque se eu parar pra deixar doer dentro, eu não continuo mais. Dói ver tanta gente morrendo ou querendo morrer. Dói o luto. Dói a solidão. Dói a falta de abraço, dói o desamor. Dói o trauma, dói a fome, o preconceito, o ódio. Dói a ignorância. Dói a escolha. Dói a Educação. Dói a política. Dói a família. Dói os amigos. Dói a falta do abraço, abraço, ah, como me falta o abraço. 

Então, não dá. Estou exausta. Cansada de falar. De calar. De tentar. De desistir. 

Mas eu vou. Porque não tem outro jeito. Eu continuo. Porque não aceito a alternativa. 

Vou. Explodindo. Em. Dor. 

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Te amo


A ausência parece a falta de alguma coisa, um buraco. Na verdade, ela é o excesso de tudo o que a gente queria e não pôde. A gente não pôde muita coisa, mas seria injusto dizer que ela partiu. Ela está no modo como somos atendidos, nos cuidados com a higiene da escola, na paixão pela educação, na dedicação de todos e nos mínimos detalhes. Ela está no sorriso das crianças, nos gestos de carinho e nas mãos unidas. Ela é coração. Ela é eterna. 

Se você já ouviu uma gargalhada há uns 2 metros, você conheceu a Thaís.

Se você já ficou pintando, costurando, colando a decoração das festas, você conheceu a Thaís.

Se você sentiu um abraço apertado, você conheceu a Thaís. 

Se você foi acolhido quando precisou de ajuda, você conheceu a Thaís. 

Se você já comeu pizza e tomou vinho, você conheceu a Thaís. 

Se você fez festa na quadra, no pátio e na lama, você conheceu a Thaís. 

Se você sentiu amor, você conheceu a Thaís.

Se você sente amor, então ela está. Para sempre. 


Obrigada por tanto. 

sábado, 2 de maio de 2020

Sobre estar só,

eu estou aprendendo...

2020 começou com um fim. Foram 8 anos de perguntas no plural. Como vocês estão? O que vocês querem? O que vocês acham? Quem eu era, não sou mais. E não sei mais quem sou. Porque fomos por muito tempo. 

Parece que fichas caem aos poucos e uma delas me trouxe de volta aqui. Essa semana estava trabalhando a produção escrita em blog com alguns alunos e me lembrei desse canto. Mais um canto de mim que ficou esquecido nesse tempo. Eu deixei de escrever e, com isso, me deixei. Escrever sempre foi minha forma de dar vazão ao que sufoca, de organizar o caos, de mergulhar nos sentimentos e saber o que fazer com eles. Não era algo que fazia por alguém, era algo que fazia por mim. É possível reconhecer que amamos e fomos felizes num relacionamento um pouco abusivo? Nunca fui violentada (fisicamente). O abuso esteve na invasão da minha existência a ponto de que eu não saube mais quem era. Obviamente nos transformamos com o tempo, não é isso. É uma transformação mais profunda, que acontece mais sutil e constantemente dentro da relação. É o não se achar bonita ou interessante, porque coisas negativas foram apontadas e reforçadas por tantas vezes que você se questiona se algum dia fez alguma coisa certa, por exemplo. Espero que você não entenda. 

Sempre tento amadurecer minhas decisões para evitar o "e se?". Ele sempre me matou e não o suporto. Então, eu tento até ter a certeza de que tentei tudo o que podia tentar. Doei. Mergulhei. Amei. Investi. Sonhei. O problema é que fiz tudo isso no relacionamento sem nunca ter feito tudo isso sozinha. Eu nunca me doei, mergulhei, amei, investi e sonhei comigo mesma. Quando amadurecida a decisão, acabei. Mas aí o que sobrou pra mim? Caco. Lado bom é que sempre gostei de quebra-cabeça, então bora catar e colar caco. 

Nesse momento, me sinto feliz. Mesmo. Eu sei que o mundo está em pandemia e crise e esse escroto do caralho desse presidente de merda nos governa. Não tô feliz por nada disso. A felicidade é mais tímida, interna e egoísta. É que está gostoso olhar pra mim e me redescobrir. Estou lendo mais, trabalhando melhor, estudando novamente, jogando tabuleiro com os amigos (ação em pausa na quarentena, óbvio - fica em casa, demônio), jogando video game, organizando minhas finanças, fazendo alguns tímidos novos planos... E não estou pensando em ninguém além de mim. Ainda não quero outro par. 

Acho que, apesar dos pesares e apesares, é um feliz ano-novo pra mim.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Eu não paro

Quando eu vou parar e olhar pra mim? Ficar de fora e olhar por dentro? Se eu não consigo organizar minhas ideias, se eu não posso, se eu me esqueço de mim... Eu pensei que fosse forte, mas eu não sou. Quando eu vou parar pra ser feliz? É, que hora? Se não dá tempo... Se eu não me encontro nos lugares onde eu ando nem me conheço, viro oavesso de mim. Se eu não sei o que é sonhar, faz tanto tempo, tanto mar... e o meu lugar é aqui. Uma rua atravessada em meu caminho, nos meus olhos mil farpois. Preciso aprender a andar sozinho pra ouvir minha própria voz. Quem sabe assim eu paro pra pensar em mim.

Ana Carolina

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Só.

“I don’t know what living a balanced life feels like.
When I am sad I don’t cry, I pour.
When I am happy I don’t smile, I glow.
When I am angry I don’t yell, I burn.

The good thing about feeling in extremes is when I love I give them wings, but perhaps that isn't such a good thing 'cause they always tend to leave...

And you should see me when my heart is broken, I don't grieve, I shatter”.


Rupi Kaur